Ser o lado mais leve de si
Estive tão focado em meus projetos literários que já há algum tempo não escrevo textos especificamente para esse blog. Decidi, então, voltar a estabelecer essa linha de contato; voltar a fazer desse site pessoal um canal de comunicação e de exposição de ideias.
Amadureci muito no último ano. Muito mais do que eu poderia imaginar que fosse possível, e não estou exagerando quando digo isso. Sinto como se, com tanta autodescoberta, acabei adquirindo certas posturas diante da vida, das pessoas e de mim mesmo — posturas profundamente espontâneas — que hoje me fazem vivê-la de uma forma diferente. Uma certa tranquilidade se apossou de mim de maneira mansa e morna, e, pensando agora, não discordo que isso faça parte de uma maturidade que vem com os anos. Fui um adolescente muito aflito, muito ansioso, e estou só agora aprendendo a relaxar — mesmo em situações estressantes.A questão é só que estresse não leva a lugar nenhum. Estresse gera mais estresse, aprofunda o desespero, facilita decisões precipitadas e nos eletrocuta com a nossa própria insegurança. O brasileiro tem essa cultura de valorizar a pessoa preocupada, atribuindo a ela uma certa aura de responsabilidade. Um grande equívoco, se me perguntarem. Responsável é aquele que é capaz de "colocar a cabeça para fora da névoa" (como diria minha querida amiga I.) por um momento e ser capaz de se guiar — de maneira serena, cautelosa e confiante — para fora dos próprios problemas. É ser capaz de ouvir o próprio sintoma em vez de sucumbir a ele. E ter clareza e coragem para entender que está tudo bem, aconteça o que acontecer. Trata-se de saber respeitar os seus próprios limites e as suas próprias dores, sem se deixar imobilizar por eles. Em partes, é sobre ter fé em si mesmo (acreditando nas próprias potencialidades) e em tudo de bom que o futuro reserva, caso o semeemos no agora.
É claro que eu estaria sendo prepotente e até mesmo insensível se dissesse que essa é uma tarefa fácil. Não é o caso. Não é fácil, meus amigos. Há problemas que nos circundam e que nos esmagam na nossa própria impossibilidade. Mas é certamente possível, e, em certa medida, necessário. Levar a vida da forma mais leve que esteja ao nosso alcance é a única garantia que temos de obter certa paz. Uma paz que se projeta no futuro nunca é paz; é uma esperança ingênua que não se realizará jamais se não nos reeducarmos emocionalmente para encontrar essa serenidade no presente. Problemas, maiores ou menores, sempre existiram e não será agora que deixarão de existir. O que precisa mudar é você mesmo e a sua forma de encarar o mundo.